sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O sentido no equilíbrio

por Alberto Ronconi


E se o sentido da vida não for apreciar o prazer das sensações, nem galgar novos patamares de sabedoria, nem experimentar o orgulho de um grande feito, nem se dedicar à profundidade das amizades, nem sentir a alegria de fazer o bem genuíno aos outros, nem viver um grande amor? Todas essas filosofias de vida, se aplicadas com exclusividade, podem deixar uma grande sensação de vazio em quem as utilizar.

O ser humano se cansa rápido de um estilo de vida, e pior, sempre dá muito valor para aquilo que está deixando de lado. Para o hedonista não fica uma curiosidade de experimentar como é possuir erudição e conhecimentos profundos? O altruísta não tem a sensação de que um amor recíproco seria uma experiência plena e extraordinária?

Quem movimentar de forma completa e harmônica todas as engrenagens que dão sentido à vida pode acabar descobrindo que elas não cumprem sua função sozinhas, mas juntas se coordenam em prol do todo. O especialista em uma área do bem viver carece da visão do todo, intrinsecamente relacionada à busca por um sentido.

Somos apenas escravos?

por Alberto Ronconi


Pode ser que nossa única razão de viver seja a preservação da espécie, ou como mais modernamente se teoriza, do gene. Dessa forma, independente de termos sido criados propositalmente por um Criador ou não, vivemos para isso e por isso. Igual raciocínio se aplicaria a outras hipóteses, como a de que servimos para dar suporte aos super-homens que um dia despontarão, ou a de que nossa função é atender nossas próprias necessidades de prazer.

Sendo verdade alguma destas teorias, fica a questão: devemos fazer aquilo que é inerente à nossa constituição física e psicológica, ou tatear no mundo em busca de possíveis novos significados? Só seremos genuinamente felizes sendo escravos do nosso destino, ou precisamos nos rebelar contra nossa própria natureza e criar por nós mesmos alguma razão de viver que o Universo nunca cogitou?

O mistério da existência

por Alberto Ronconi


Se Deus não nos criou, e somos mero subproduto da especialização da matéria bruta, nossas vidas não têm um sentido pré-determinado. Alguns darão algum significado (profundo ou não, conscientemente ou não) para as suas, outros a considerarão um absurdo, outros serão niilistas, e a maioria nunca se preocupará seriamente com a questão. Cada um será livre para definir se sua vida tem sentido e determinar qual seria ele.

Se Deus nos criou, pode ter nos dado alguma missão específica enquanto seres humanos, ou nos deixado desenvolver por nós mesmos, rumo ao limite de nossa vontade individual. Independente de qual é a verdade, não nos é óbvio o sentido de nossas vidas. Inúmeros pensadores honestos chegaram a conclusões diferentes e incompatíveis entre si; nunca houve uma resposta definitiva. Isso significa ao menos que Deus não deixou claro o que devemos fazer de nossas vidas, e é natural que muito se percorra até que se espere chegar a alguma solução para o problema.  Então as tentativas sinceras e que respeitem a moral elementar vigente não podem ser tolhidas. Rumo a uma vida verdadeiramente bem vivida, os experimentadores de hoje podem tomar rotas erradas ou sem saída, que se espera sejam evitadas pelos do futuro, os quais darão continuidade a nossas buscas desde o ponto que formos capazes de atingir.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Consumo na justa medida

por Alberto Ronconi


De acordo com o hedonismo da Grécia antiga, a felicidade se encontra no prazer, que é o bem supremo da vida humana. Já para o estoicismo, também no conceito grego, a felicidade está no exercício constante da virtude, que é definida como a indiferença (à riqueza e à pobreza, às honras e à obscuridade, ao prazer e ao sofrimento). Os estoicos pregam que se viva de acordo com a lei racional da natureza, com uma apatia em relação a tudo que é externo ao ser.

Certamente o homem deve consumir num padrão intermediário entre a busca incessante pelo prazer material e a indiferença a qualquer bem de consumo.

Comprar de menos priva o ser humano de experiências, de conhecimento, de oportunidades.

Comprar demais atenua e até anula o prazer, transformando-o em obrigação e vício.

Mas então qual a medida ideal para o consumo?

Quando compramos pela primeira vez uma viagem para um lugar totalmente desconhecido, isso nos causa profundas impressões. Se formos de novo, o impacto será muito menor.

Se comemos um prato desconhecido e sentimos um sabor inteiramente novo, nosso conhecimento se amplia. Nas próximas vezes o impacto não será o mesmo. Inclusive se insistirmos na experiência repetidas vezes, só haverá rotina, e o prazer não terá lugar.

É imprescindível observar que a posse de bens ou a realização de atividades em excesso sem dúvida impede o homem de focar em si mesmo, sua atividade mais importante.

Dessa forma, o resultado pode ser maximizado se o consumo for amplo mas em quantidades pequenas.