sexta-feira, 29 de junho de 2012

O que está por trás do "conhece-te a ti mesmo"?

Este é um dos grandes mantras do mundo de hoje, embora exista há 2 mil anos. Usado por esportistas, executivos, pessoas que vivem situações de estresse, ou por quem busca algo mais que a vida padrão.

Mas o que exatamente desejamos conhecer de nós mesmos? Os limites físicos? As possibilidades da inteligência e da criatividade? A capacidade para lidar com situações adversas?

Supor que a resposta à pergunta chave resolveria nossos problemas significa supor que já viemos prontos. Que somos seres finalizados e nossas habilidades estão em algum lugar, basta descobri-las. Se achássemos que somos seres novos, pedras brutas, como uma página em branco, o lema seria "cria-te a ti mesmo".

Será que não somos um pouco como o cachorro que corre atrás do rabo? A cada reação que temos a determinada circunstância vivida, julgamos que nos conhecemos melhor. Mas para que isso serve, se a mesma sequência de circunstâncias dificilmente se repetirá? Ou se provavelmente importa mais como poderíamos agir, em vez de um histórico completo de nossa resposta a cada estímulo?

sábado, 9 de junho de 2012

Fábula - À própria sorte

Há 13 bilhões de anos nenhuma entidade divina interfere no mundo. As condições iniciais foram dadas, algumas poucas constantes fundamentais da Física foram ajustadas, e o resto avançaria por si só. Em algum momento seriam formadas galáxias, sistemas planetários, mundos habitáveis. E depois, com probabilidade estatisticamente relevante, a matéria viraria vida e esta gradualmente adquiriria inteligência, até conseguir perguntar de onde veio e para onde vai.

Era esperado que mil teorias fossem propostas para explicar origem e destino do mundo, mas as equivocadas implacavelmente ruiriam com a ação do tempo, por longo que fosse. Nunca haveria oficialmente o certo ou errado, mas se chegaria a maneiras de viver com menos sofrimento e de evoluir com eficiência. Quando os seres inteligentes decidissem se aventurar, poderiam ganhar controle sobre as leis a que sempre estiveram sujeitos. Experimentariam reprogramar ao mundo e a si mesmos para atender a seus interesses, e para imprimir sentido às suas vidas. Quando conseguissem ser como deuses, imortais e capazes de criar mundos, sua expressão máxima teria sido alcançada.

O risco da vida simples

Vem crescendo nas mídias alternativas um chamado à vida simples, segundo a qual o consumo vai para o fim da hierarquia e o bordão principal lê-se "deseje aquilo que já possui".

O modelo de vida baseado em ambições, majoritariamente vigente, tem seu ponto positivo: fornece um sentido para os engajados na ascensão social. É somente quando as metas de uma vida foram cumpridas que começam a surgir crises existenciais, percepção do absurdo e uma busca por respostas fundamentais.

Mas, para os adeptos da indiferença em relação ao poder do capital, pode acontecer dessas indagações perturbadoras surgirem logo no início da vida adulta. Uma vez que já se está satisfeito com o mínimo necessário, o que fazer agora? Para onde direcionar os escassos grãos da ampulheta humana?

Livre arbítrio no materialismo absoluto

Se nós e o mundo somos puramente matéria, não havendo um espírito metafísico acoplado a nossos corpos físicos, proponho a hipótese de que o livre arbítrio não existe.

Isso sem entrar no mérito de teorias segundo as quais nossas ações são produto da genética ou de acontecimentos passados.

Átomos e partículas subatômicas têm seu comportamento ditado por leis das quais não podem escapar. Ainda que seja virtualmente impossível calcular o efeito combinado das 1029 partículas do cérebro humano. Ainda que haja um predomínio de comportamentos aleatórios oriundos do Princípio da Incerteza. Pode haver uma imprevisibilidade intrínseca, insuperável pela melhor calculadora, mas não há ingerência humana na mecânica dos átomos que formam seu próprio pensamento. Somos comandados por uma física alheia à nossa vontade - uma física que em macroescala forma a nossa vontade.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Em que lugar do mundo está o segredo?

Temos o sonho de viajar para lugares distantes, para adquirir experiências e sabedoria.

Pois só numa viagem exótica e intensa poderíamos entrar em contato com conhecimentos que não devem estar disponíveis nesta terra banal onde nascemos.

Então porque não ficar aqui mesmo e fazer um esforço genuíno para adquirir domínio sobre nós mesmos, conseguindo: acordar cedo sem preguiça, fazer exercício sem procastinação, melhorar na arte de argumentar e ter ideias, controlar a irritabilidade, impaciência e inveja, vencer o egoísmo, etc.?

São estes problemas prioritários, cuja solução provavelmente prescinde de uma fantástica circum-navegação.