segunda-feira, 2 de julho de 2012

Contribuição ao estoque de conhecimento humano - um trade-off

Queremos deixar nossa marca no mundo. Entregá-lo melhor que o encontramos. Fazer alguma coisa como gratidão aos que fizeram antes. Sermos úteis, com eficácia e eficiência.

Nossas oportunidades espalham-se entre dois extremos. Podemos eleger uma área do conhecimento, dentro dela uma disciplina, dentro dela uma linha de pesquisa, dentro dela um tema específico, e a um tópico deste dedicar nossos melhores anos de capacidade intelectual. Se tivermos sucesso, traremos uma real inovação que perdurará, embora provavelmente com impacto limitado no oceano de descobertas feitas rotineiramente. Risco: baixo; potencial de contribuição: modesto.

Por outro lado, podemos eleger temas amplos, como o porquê da vida, a existência de Deus, a sobrevivência além-físico. Aí estaremos flertando com grandes contribuições ao mundo, mas com chance de sucesso diminuta, quase como um bilhete de loteria. Provavelmente seremos inúteis. Risco: elevado; potencial de contribuição: radical.

domingo, 1 de julho de 2012

O que será do homem sem desafios?

No passado. Fazer expedições selva adentro em busca de mantimentos, que durariam no máximo poucas semanas. Trabalhar de sol a sol na lavoura, para levar uma vida no limiar da inanição. Colocar a coragem à prova em aventuras pelo mar misterioso. Viajar longas distâncias em condições precárias, sempre se deparando com o desconhecido. Em laboratórios bagunçados, desenvolver a engenharia básica, resultando em importante progresso material à humanidade.

Hoje. Ingressar no setor público e desenvolver trabalho burocrático, na certeza da segurança financeira até o final da vida. Encontrar no supermercado da esquina alimentos de fácil preparo e preço acessível. Realizar qualquer sonho de consumo com um clique na internet. Deixar as profissões de risco para trabalhadores altamente especializados ou robôs. Se nenhuma iniciativa individual for bem sucedida, contar com a rede de proteção estatal.

O desafio humano do século XXI é reduzir custos e cumprir metas corporativas.

A aventura ficou relegada ao simulacro dos esportes radicais. A participação é desnecessária e voluntária, o que tira boa parte do mérito do sucesso.