terça-feira, 4 de junho de 2019

Desabafo do generalista amador

"Jack of all trades, master of none"

Às vezes esqueço que sou uma pessoa de inteligência normal. O homem renascentista é um ideal restrito para os gênios. Tenho algumas ambições que não cabem no tempo de uma vida.

Se uma das coisas mais importantes é o conhecimento, e temos tanto dele disponível por aí, não tem como não querer saber sobre tudo. Ler, entender, e ser capaz de citar os grandes romances brasileiros e mundiais. Conhecer biologia, anatomia, como funciona o nosso cérebro. Física clássica, mecânica quântica e cosmologia. Filosofia antiga, da mente e da matemática. Hedonismo, existencialismo, conservadorismo clássico. Finanças, macroeconomia e econometria. Programação em Python e ciência de dados. Ser capaz de apreciar música, poesias e pinturas. Escrever bem e falar bonito em público. Cozinhar, ser bom em um esporte e no videogame. Dominar a profissão que exerço. Conseguir desestressar, saber meditar.

Para cada um desses itens, há pessoas que dedicam quase a vida toda. São sumidades em uma ou duas áreas e leigos nas demais. Mas como posso abrir mão de tantos assuntos charmosos, necessários para que eu seja uma pessoa completa?

Bom, é só pensar que, se até agora ainda não passei da superfície, e tudo o que consegui foi listar o que quero aprender, no restante da minha vida é que não vou dominar tudo isso.

Será que tenho que escolher só um tema para me aprofundar, e por meio dele sentir a beleza de tudo? Ou então me contentar com o conhecimento geral básico, no nível de um programa de auditório de perguntas? Ou ainda abandonar essa ideia e viver uma vida comum, como a maioria das pessoas?

Será que o que busco não é só o resultado (ser uma referência, admirado, ovacionado)? Não é simular a vida daqueles que são sumidades em algo? Dizem que devemos querer o caminho, e não o fim. Ou que o sucesso é consequência de fazer o que nos atrai, mas não acontece se ele for o próprio objetivo.

As bibliotecas e livrarias me oprimem. As enciclopédias online, com suas intermináveis cadeias de links, me oprimem. O mesmo com os aplicativos de podcast, as aulas online, e a infinita lista de atividades presenciais disponíveis. Abarcar pouco é não abarcar nada. É conhecer uma gota que pode não ter intersecção com a que outras pessoas conhecem.