segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Viver é tão fácil

por Alberto Ronconi


Conselhos desse teor são fartamente encontrados em literatura de auto-ajuda, um tanto ridicularizada no meio acadêmico e cult. Naturalmente o hábito disseminado de deglutir um livro novo toda semana apenas acalma os pensamentos e move a imaginação, não produzindo mudanças duradouras. Mas a aplicação repetida e insistente de poucas e boas dicas advindas de autores competentes sem dúvida conduz a pessoa a uma posição bem acima da média.

Para viver uma vida tranquila, fértil e feliz, basta ter atitudes simples e muito lógicas.

Se alguém tem um problema, e ele não tem solução, fica tudo fácil: o problema já está solucionado; a solução é que ele não tem solução. A única coisa prudente a fazer é esquecê-lo totalmente e se preocupar com o resto da vida.

Se alguém pode sofrer ou não no futuro, dependendo dos acontecimentos, basta deixar para sofrer apenas se o acontecimento for desfavorável, quando ele acontecer; sofrer antes além de não ajudar nada só traz infelicidade.

Se alguém todos os dias fica uma hora revirando-se na cama depois do despertador tocar, só para se estressar chegando tarde no trabalho, é muito fácil: basta levantar logo ao primeiro toque. Além de ganhar uma hora no dia, evita-se a desagradável sensação de culpa que estraga o prazer de ficar na cama.

Se alguém está sempre tenso no carro, no metrô, na fila, andando a pé, e em todas as locomoções, por que não sair sempre alguns minutos antes para os compromissos? A vantagem será uma enorme leveza sobre os ombros e a desvantagem alguns minutinhos esperando o compromisso começar.

Se alguém tem algo desagradável a fazer e está adiando por livre vontade, além de um tempo prudencial de amadurecimento, apenas sofre desnecessariamente e desfruta com menos intensidade do que acontece de bom enquanto não resolve a questão. O que se faz: evita-se um sofrimento X para se ter em troca o mesmo sofrimento X e mais o sofrimento Y do adiamento.

Se alguém sabe que entrar em boa forma física certamente trará um prazer maior que o esforço necessário para fazê-lo, e mesmo assim não tem força de vontade, está em evidente contradição.

Algumas poucas vezes na vida conseguimos uma força "sobrenatural" e aplicamos alguma dessas ideias. Geralmente isso nos traz alívio, felicidade e uma promessa de agir sempre assim. Por que então, mesmo com o suporte da lógica e a evidência da comprovação, na maioria das vezes falhamos tão miseravelmente? Por que, paradoxalmente, viver é tão difícil?

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