segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Você acredita em Deus?

por Alberto Ronconi


Não é incomum ouvir pessoas fazendo essa pergunta umas às outras, até de forma banal, e a resposta ser automática e não ir além da superfície. Para mim, é uma questão que envolve definições, longe de ser trivial.

A conversa não faz sentido se não há, entre quem indaga e quem replica, um conceito comum sobre Deus. Por exemplo, quem pergunta pode estar querendo dizer: "você possui uma fé dogmática na existência de um ser que criou o nosso planeta, criou o ser humano, criou os animais, fez revelações à humanidade por meio das escrituras, e interfere na vida das pessoas produzindo milagres?" E quem responde pode estar expressando: "sim, julgo plausível conceituar como Deus o conjunto das leis físicas e extra-físicas que regem a evolução do universo desde sua formação, sendo elas as responsáveis pela criação do nosso planeta junto com tudo o que há nele; entretanto não acho que Deus interfira de maneira individualizada em nossa vida, na qual tudo o que acontece é resultado da atuação imparcial das mesmas leis".

Outra questão interessante é o significado de "acreditar". Em primeiro lugar, dizer que acreditamos em algo só porque nossos pais (ou alguém que admiramos) também dizem não tem muito valor. Afirmar que acreditamos só por medo de receber uma punição divina em caso de hesitação não nos torna melhores que os que têm dúvidas. E dizer acreditar só para não ter que ficar pensando no assunto não condiz com o espírito investigativo, o qual vem se mostrando absolutamente vitorioso na história da humanidade. Ou seja, a própria atitude de acreditar é evasiva, escapista, preguiçosa. Sabemos ou não sabemos; acreditar é um falso saber.

Ficam por fim algumas questões de suma importância. Como nos prevenimos de apenas acreditar nos outros dizem ser a verdade? Como evitamos o ceticismo absoluto que nega tudo a priori? Como contornamos o agnosticismo que nos declara incapazes de lidar com o que transcende o mundo físico?

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