segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Fábula - E o Nobel vai para

por Alberto Ronconi


Este ano nasceram um milhão de ganhadores do prêmio Nobel.

Quatrocentos mil tiveram uma família desestruturada, que não criou condições de aprendizado, e foram desperdiçados.

Trezentos mil tinham pais que queriam uma vida melhor para os filhos, mas tiveram que começar a trabalhar aos 18 anos em áreas que não requeriam qualificação, para ajudar nas despesas. Permaneceram fazendo bicos por toda a vida.

Duzentos mil não precisariam trabalhar prematuramente, beneficiados pelo sacrifício dos pais. Mas nasceram em países ou regiões onde não havia oportunidades de estudo de mínima qualidade. Acabaram em atividades agrícolas ou com um modesto negócio próprio.

Cinqüenta mil tinham tudo para dar certo, mas foram influenciados pelos amigos e pela vida em grupo e mudaram completamente de área, geralmente com tendências comunistas, utópicas ou hedonistas. Ou viraram burocratas do governo.

Trinta mil tiveram acesso a boa educação. Mas sofriam de déficit de atenção (TDAH), e ao iniciarem mil atividades diferentes, não terminaram nenhuma. Acabaram supervalorizando suas múltiplas teorias simplórias, ficando ressentidos com o mundo pelo pouco reconhecimento.

Quinze mil aprenderam muito na escola, mas a timidez excessiva, ou em alguns casos até fobia social, os afastaram do convívio com seus pares, o que prejudicou possibilidades de destaque na vida.

Cinco mil possuíam todas as condições necessárias, mas doenças ou acidentes, com causas alheias a sua atuações, tiraram seu foco da carreira.

Quem acabou ganhando o Nobel foi um que não chamou qualquer atenção até a idade adulta, mas que tinha paixão pela área em que atuava, obsessão por atingir seus objetivos e, de alguma forma, certeza do sucesso. Sem jamais ter se interessado por leituras de auto-ajuda, programou sua mente para vencer.

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