terça-feira, 13 de março de 2012

O benefício de ter metas gerais, mas não expectativas exatas

por Alberto Ronconi


Para que servem as expectativas? Quando as criamos, sentimos uma espécie de felicidade antecipada que, projetada pela imaginação, é proporcional à sensação que seria experimentada quando nosso objetivo fosse atingido.

Mas quando estamos ansiosos por algo, o tempo parece demorar a passar. E para compensar, nossas expectativas vão ficando mais e mais elevadas, para que continuemos a sentir o gostinho do vislumbre da felicidade. Quando eventualmente chegamos aonde queríamos inicialmente, já parece pouco para os sonhos que cresceram exponencialmente com o tempo.

Muito pior é quando as coisas não saem exatamente do jeito que imaginamos, algo tão comum no mundo real (até se poderia dizer que é assim na maioria das vezes).

Quando temos expectativas, nos flagramos sempre torcendo para que elas se realizem, o que certamente tem alguma semelhança com o stress. Por isso é possível ser mais feliz sem elas. Algo na linha do "o que não tem solução, solucionado está", que embora pareça batido pode aliviar pesada carga de nossos ombros.

Até o fim do mês quero ter emagrecido x quilos, lido y páginas do meu livro, organizado tal gaveta de coisas esquecidas, me aperfeiçoado em tal técnica. Tudo isso pode ser altamente frustrante se, por motivos alheios à nossa vontade*, além de não atingirmos o objetivos ficamos muito longe deles, muitas vezes sequer começando.

*Vale lembrar que esses motivos alheios à nossas vontade aparecem tanto mais quanto mais rígido for o planejamento.

Mas não podemos simplesmente eliminar algo que funciona mal e não deixar nada no lugar.

Temos que ter metas de longo prazo, plausíveis, factíveis, que sentimos ser absolutamente importantes. Elas servirão para balizar o uso do nosso tempo livre, que é nossa verdadeira vida.

Por exemplo: emagrecer todos os meses, não vem ao caso quanto. Arrumar gavetas um mínimo que seja, mas que amanhã esteja melhor que hoje. Se nos últimos 20 anos não fizemos nada e só deixamos a situação piorar, se hoje poderíamos ser gênios se tivéssemos agido certo desde o começo, não importa mais. O que importa é começar a melhorar a partir de agora (não amanhã), sem focar na quantidade exata.

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