segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Altruísmo, missão ou glória

por Alberto Ronconi


Quando temos um entendimento bombástico sobre o mundo, que nos faz sentirmos mais evoluídos que antes, surge a necessidade de compartilhá-lo com o resto da humanidade, para que os demais desfrutem de nossa compreensão mais aguçada.

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A certeza que vamos deixar de existir no mundo, ao menos fisicamente, aumenta com o passar dos anos. Paulatinamente vamos nos preocupando com um legado, algo de inovador e positivo a deixar na Terra para que nossa existência nela não seja em vão. Qualquer coisa que facilite, alegre ou adicione novas perspectivas às vidas das pessoas, mas que sejamos lembrados pelos que nos sucederem.

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Parte importante da satisfação do ser humano médio é ser reconhecido. Exalarmos sucesso, glória, importância, ou ao menos os demais pensarem que somos superiores e especiais em algo. Infeliz daquele que está na escala mais baixa, que admira ou inveja os outros nos mais diversos aspectos e não é admirado ou invejado em nenhum sequer - é como se sua existência ou não fosse completamente insignificante. Quantos momentos difíceis da vida são suportados ao pensarmos que sempre há alguém em situação pior que a nossa.




O instinto quer exibir a glória como um troféu. A mente, quando se percebe efêmera, quer se eternizar, cumprindo uma missão. E uma parte nobre do ser humano quer apenas ajudar, ainda que anonimamente, e sente o maior prazer nesse altruísmo.

Como se confundem esses três comportamentos! Muitas vezes estamos em um deles e de repente resvalamos imperceptivelmente para outro, numa sequência cíclica que varia conforme nosso estado psicológico! Aí surge a dúvida: será que estamos buscando a razão de nossa vida, ou apenas a fama? Será que estamos melhorando o mundo, ou apenas causando poluição com nossas ideias rasas?

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